Quem sou eu

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Barretos, São Paulo, Brazil
Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos. Mestre em Sociologia e graduado em Ciências Sociais, pela Universidade Estadual Paulista. Professor da Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos "Dr. Paulo Prata".

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo





"Fica estabelecida a possibilidade de sonhar coisas impossíveis e de caminhar livremente em direção ao sonho."

 (Michel de Montaigne)


Feliz ano novo... sucesso, saúde e paz para todos nós!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Nada acontece por acaso

É noite dentro de mim
Lá fora a escuridão
Avistei uma estrela
Doce ilusão

A dor é minha companheira
Nestas madrugadas vazias
Era Natal quando não atendi suas súplicas
Eu não me entendia

O passado me traz o presente
Um passo em falso
A caminhada predestinada
A dor a espera

A incerteza é companheira
O silêncio continua
E nada acontece por acaso
Nada acontece
Acontece por acaso
Por acaso
Acaso
Nada.

(Marco Monteiro)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

by Marco Monteiro

"São as cestinhas forradas de seda, as caixas transparentes os estojos, os papéis de embrulho com desenhos inesperados, os barbantes, atilhos, fitas, o que na verdade oferecemos aos parentes e amigos.
Pagamos por essa graça delicada da ilusão.
E logo tudo se esvai, por entre sorrisos e alegrias. 
Durável — apenas o Meninozinho nas suas palhas, a olhar para este mundo."

(Cecília Meireles)


Feliz Natal a todos vocês queridos amigos!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"Crime de ódio"

      Já postulava Adorno (1903-1969) na Dialética do Esclarecimento, que o Iluminismo fracassara enquanto um referencial para a emancipação da humanidade. A razão que daria lugar a toda superstição e crença propagada pela Idade Média, não conseguiu superar os pré-conceitos construídos nesta época (longe de afirmar que não havia uma cultura singular na Idade Média). Adorno afirmava que a ciência não emancipou o homem, mas acabou por fazer do homem mais um objeto a ser comercializado no sistema capitalista. Adorno é enfático ao afirmar que depois de Auschiwtiz o riso é sinônimo de alienação, frente as barbáries do mundo.
      É com grande comoção que percebo em pleno século 21 que, a afirmativa adorniana está mais do que nunca na pauta do dia. Os direitos humanos fundamentais ainda não foram "iluminados", a racionalização emancipatória não conseguiu atingir os patamares da humanização da humanidade (pleonasmo? antes fosse!).
      É um absurdo ter que lutar para a aprovação da lei que criminaliza os crimes homofóbicos! Se fossémos minimamente humanos não precisaríamos de tal lei para garantir a sobrevivência, a opção de uma orientação sexual, seja ela qual for. E o mais agravante, é que, não estamos falando de um preconceito (que não deixa de ser grave) nos rincões do interior do Brasil, estamos falando do preconceito literalmente exercido ao longo da principal avenida do país. Ou seja, o Progresso científico, econômico, tecnológico, racional continua aquém de um progresso que passa por uma valorização humana.
      Já que a coerção parece ser o único meio em que o homem se humaniza, sou totalmente a favor da punição, da intervenção jurídica, da lei que criminaliza os crimes homofóbicos.
       Infelizmente, Auschiwtiz ainda está dentro de muitos de nós!
      

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Paraíso

      Sou um apaixonado por livros, adoro frequentar bibliotecas, livrarias, sebos...Um dos meus sonhos é formar uma biblioteca particular. Particular não no sentido individualista. Mas sim, de criar um espaço onde eu possa deliciar com a disponibilidade de um acervo, onde eu possa me cercar de literaturas, respirar o ar repleto de antologias poéticas, literaturas de teoria política, sociológica, antropológica, de cinema e arte. Gosto de manusear o livro, de sentir a textura das páginas, sentir o cheiro, encontrar anotações feitas em marca-páginas perdidas em meio a grafia. Como diria um pensador Argentino "Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria" (Jorge Luis Borges). 
      Tenho tentado ler no "meio digital", politicamente correto em meio a toda a discussão da degradação do meio ambiente. Mas há a possibilidade das impressões serem em papéis reciclados. E por que não investir nesta tipografia?
      Bom...Natal chegando (risos), amigo secreto, troca de carinhos, que tal receber livros de presente?
      Aí vai umas dicas, que estas sirvam pelo menos como referências para leituras posteriores.

- "Poliarquia" - R. Dahl;
- "Participação e teoria democratica" - Carole Pateman
- "A morte dos coronéis: política interiorana e poder local" - Maria T. M. Kerbauy
- "Ação comunicativa e emancipação" ; "Mudança estrutural da esfera pública" - Habermas
- "A terceira via: para além da esquerda e da direita" - Antony Giddens
- "La comunidad virtual: una sociedade sin fronteras" - H. Rheingold
- "Cibercultura" - Pierre Lévy
- "Cidadania, classe social e status" - T. H. Marshall
- "Casa grande e senzala" - Gilberto Freire
- "Os donos do poder" - Raymundo Faoro
- "Instituições políticas brasileiras" - Oliveira Vianna
- "O encontro de Joaquim Nabuco com a política" - Marco Aurélio Nogueira
- "A sociedade individualizada"; "Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos"; "Em busca da política" - Zygmund Bauman
- "Sistema político brasileiro: uma introdução" - Lucia A. e Antonio O. Cintra
-"Relativizando: uma introdução a antropologia social"; "A casa e a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil" - Roberto Damatta
-"Dicionário de política"; "Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant" - Norberto Bobbio
- "Direito, cidadania e participação" - Benevides (org)
- "Executivo e Legislativo na nova ordem" - Figueiredo; Limongi

Nossa... os títulos são muitos! Essa é apenas uma parte do meu sonho de consumo (risos). Muitos deles eu já li e reli, mas não os tenho. Percebo os livros como uma importante ferramenta de trabalho. Fica aí a dica! Bobinho eu? (risos)

"Dupla delícia - O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado" (Mário Quintana).


Natal com Vida




      Enfim, dezembro! Mês onde os votos de esperança e o "espírito de caridade e solidariedade" tendem a aflorar de uma maneira mais significativa. A confraternização do Natal relembra os valores do amor, do companheirismo, da amizade, da fidelidade... adjetivos estes que deveriam ser praticados no dia a dia, como gesto de humanidade. 
      Mas a contradição persiste, sobretudo, pela comemoração das festas, onde o banquete principal é composto pela dor,  pelo sofrimento, pela covardia, pelo sangue, amargura e morte dos animais. Por isso, "não celebre a vida com a morte", reveja os seus valores, está na hora de perceber que "(...) sua força é apenas acidental e que deriva da fraqueza dos outros" (Conrad). 

domingo, 21 de novembro de 2010

"Os nossos dias serão para sempre" - Renato Russo

      Acabo de assistir ao vídeo inédito dos bastidores da saudosa banda "Legião Urbana". Não me contive, ao ver Renato Russo, seis meses antes de "Bye bye Johnny". E resolvi fazer um post. Já ouvi muito Legião Urbana, já esbravejei suas canções como se fossem hinos, já chorei ao som de "Esperando por mim" e "Vento no Litoral", já me alegrei com a sutileza de "Acrilic on Kanvas" e militei em "Que país é esse?" e "Geração Coca-cola".
      Mais do que relembrar as músicas, relembrei o que vivi. Renato Russo tocava a minha alma e falava a "língua dos anjos". O silêncio de seu adeus, acabou por silenciar também em mim "o encanto antes cultivado", silenciou em mim "um sorriso bobo parecido com soluço", silenciou "uma dor triste, um coração cicatrizado". 
      Renato Russo cantou a minha história, gritou as minhas angústias, internalizou meus sentimentos, me ensinou a conseguir meu "equilíbrio cortejando a insanidade", me fez acreditar que um dia "teremos a nossa vez".
      Ao ver a imagem do poeta no vídeo me percebo mais do que nunca ligado as suas canções, pois hoje me compactuo com a sua vontade de "ser como os outros e rir das desgraças da vida", me compactuo de que "quando o circo pega fogo somos os animais na jaula", me compactuo que "não há por que voltar" e que "é de noite que tudo faz sentido, no silêncio eu não ouço meus gritos" e que "eu tenho um segredo e uma oração". Realmente é "bondade sua me explicar com tanta determinação exatamente o que eu sinto, como penso e como sou". 
      A saudade é um sentimento que faz renascer sentimentos. Me percebo vivo e assim, "não me entrego sem lutar, tenho, ainda, coração" e tento acreditar que "o mundo começa agora. Apenas começamos".
      Salve Renato Russo!     

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

1º encontro da Familia Papani em Olímpia-SP

Neste final de semana aconteceu o "1º Encontro da Família Papani" na cidade de Olímpia-SP. O encontro foi na  chácara "Alegria", adjetivo bem propício para acolher toda a familia de descendente de italianos, conhecida por possuir um avantajado nariz e um coração enorme. Neste primeiro encontro que aconteceu no dia 14.11.10, reuniu os "Papanis" espalhados pelo sudeste-sul. Estavam presentes os ítalos-brasileiro de Americana, Campinas, Guaíra, Guapiaçú, Jaguariuna,  Mirassol, Sertãozinho, Severínia, Olímpia, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Hortolândia, Itaquaquecetuba todos do estado de São Paulo, bem como os pés vermelhos do Paraná, Maringá e Paiçandu. Um almoço, música ao vivo, binguinho, sorteio de brindes e muitos abraços fizeram deste encontro um momento muito especial onde nos reunimos para celebrar a vida em família. Essa iniciativa dos meus primos soaram como semente de novos encontros. Que estes aconteçam sempre!
by Fernanda Monteiro

by Fernanda Monteiro



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Olhe!

by Marco Monteiro




"O que mata um jardim não é o abandono.
  O que mata um jardim é esse olhar de quem
  por ele passa indiferente"

(Mário Quintana)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Sim, a mulher pode!

"Já registro portanto aqui meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural. 

E que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis, nas entidades representativas de toda nossa sociedade. A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: sim, a mulher pode!

Minha alegria é ainda maior pelo fato de que a presença de uma mulher na presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania. Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país: Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social." (Dilma Rousseff) 

      Estas foram as primeiras palavras do pronunciamento oficial da nossa Primeira Presidenta do Brasil, na noite de ontem (31.10.10). Noite festiva, por várias motivos. Porém destaco um deles, o fato de uma mulher alcançar o grau máximo de liderança do executivo por meio democrático: o voto. E por fazer deste acontecimento um compromisso de transformações de oportunidades, sinalizando o potencial e a competência que a mulher tem em nossa sociedade. Naturalizar a presença da mulher em espaços antes só liderado pelos homens, significa antes de tudo trazer a tona a igualdade de gênero. 
       Parabéns Dilma Rousseff! Parabéns a todas as mulheres e homens que se fazem representar por uma mulher! Parabéns Brasil! 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A televisão nos governa!

      Hoje pela manhã participei de mais uma Machiavéllica, trata-se de um ciclo de palestras promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, pela Universidade Federal de São Carlos. A iniciativa é ótima, são momentos propícios para discutirmos as pesquisas e os conhecimentos que vem sendo debatidos na área da Ciência Política.
      A palestra de hoje tinha como tema a Economia digital y política en México: avances y limitações. Ministrado pela Prof. Drª Irma Portos, da Universidade Autônoma do México. A professora trouxe a discussão dados interessantes em relação as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) no México. Mostrando o quanto esta está aquém da utilização desses veículos para o desenvolvimento de uma comunicação política substantiva. A TV (veiculo de comunicação tido como tradicional) continua sendo o principal meio pelo qual o cidadão se informa sobre a política. O problema é que segundo a professora, "o entretenimento promovido pela TV sobressai ao conteúdo político e democrático". As emissoras são cada vez mais privativas (são duas emissoras privadas detentoras da veiculação das informações, há emissora pública, porém nem sequer abrange todo o país). Assim sendo, Portos desabafa "a televisão nos governa!".
      O problema maior diante das NTICs, não é a falta de um aparato material-tecnológico (software, e-book, banda larga etc.), como corroborou o mediador, o Prof. Drº Thales Haddade, mas o não acompanhamento qualitativo proporcionado por esses meios.  Assim sendo, a sociedade de informação continua a ser um tema da pauta de pesquisas, uma vez que, não está suprindo os problemas sociais e políticos. A tese central de Portos é que o uso mais significativo das novas tecnologias está atrelado a indústria, a produção e não a inovação, a política em si. E pior que o México não é uma exceção. 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O professor e seu prestígio profissional

"Porque há o direito ao grito, então eu grito" (Clarice Lispector). 

      Faço do dia de hoje, um momento de reflexão e desabafo. Hoje se comemora o Dia dos Professores. Longe de sentimentalismos que descaracteriza o papel profissional do ser professor (professor como pai, mãe, amigo, mestre com a missão de amar...) quero tratar aqui do professor como um profissional que deve ser respeitado como tal. 
      Neste segundo semestre, por conta do ingresso no concurso público de PEB II, (Professor de Educação Básica)  foi convocado a participar de um curso on-line, "preparatório" chamado de "Escola de formação de professores do Estado de São Paulo". O primeiro módulo tratava das políticas educacionais do Estado de São Paulo, dos currículos, das avaliações, de como a Secretaria do Estado é maravilhosa, dos altos índices educacionais alcançados pela mesma (não devemos esquecer da "progressão continuada" onde os alunos não podem ser reprovados, daí o motivo de tais índices, mesmo que estes alunos sejam semianalfabetos estando cursando o ensino médio, mas isso não é problema não é mesmo?).
    Durante uma atividade proposta no módulo em questão tínhamos um exercício de múltipla escolha que tratava dos problemas existentes na escola. Uma das questões traziam como resposta correta que o "professor era inexperiente e pouco responsável". Pasmem, nós como professores tínhamos que admitir que o fracasso escolar era de nossa inteira responsabilidade. Diante disso, como celebrar o dia dos professores, como pensar o professor como profissional que escolhe a carreira como um ser professor e não um estar professor. Como uma escolha e não como uma opção ou falta de.
     O conteúdo não é mais o essencial no trabalho na sala de aula, a questão agora é com o "ensinar a ensinar", o" prender a aprender", sei lá são tantos neologismos que criaram que se valoriza muito mais a forma do que o conteúdo. O resultado disto está ai, alunos que não sabem escrever, ler e muito menos interpretar. Pensar então...ah estamos querendo demais né! As propostas pedagógicas enlatadas são impostas, metas a serem cumpridas, pois as avaliações significativas são aquelas que aumentam os índices estatísticos (IDEB, SARESP, ENEM etc) e não necessariamente aquelas que contribuem para o aprendizado emancipatório, se é que avaliação emancipa. 
    Mas as condições de trabalho para o professor são boas, salas bem estruturadas, com ventilação, carteiras confortáveis, lousa em formato 3D, poucos alunos por turma. Sem falar no apoio excepcional ao professor por parte da direção, da coordenação pedagógica, enfim da secretaria do Estado, basta ver a afirmativa acima assinalada como correta. O salário então nem cabe por em discussão, pois o "vale coxinha" já diz tudo. Mas não sejamos tão maus poderia ser um "vale bolinho de queijo" assim, pelo menos não nos sentiríamos tão angustiados de nos alimentar do sofrimento dos animais que há tempos nos ensinam.
      Bom, gritar é preciso, mas vamos fazer isso baixinho... pois como evidenciado no segundo encontro presencial (14.10.10) da escola "deformação" dos professores diante de questionamentos, uma das coordenadoras gritou... ahhh e o tom foi alto "se você não está satisfeito com o sistema educacional proposto então se retire", por esta eu não esperava, pois até questionar é perigoso. E ainda estamos sendo avaliados, pois tal curso é a terceira etapa para a efetivação no Estado. Então cuidado! Como concursista grite baixinho...
      Viva o dia dos professores! Viva a escola pública! Viva a Secretaria do Estado de São Paulo! Viva o novo currículo! Viva a progressão continuada! Viva o governo tucano!
      Viva e sobreviva professor!  

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

T.O.C

by Marco Monteiro


Reproduzo e resignifico atitudes simples
Uma força maior parece tomar conta dos meus sentidos
Para além da construção que fazem de mim, procuro ser eu
Vivo em círculos, me saboto, me arrisco, me flagelo
Sou grande pequeno.
(Marco Monteiro)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"Água com açúcar"

O filme Nacional "docomeçoaofim", sob a direção de Aluizio Abranches e produção de Fernando Libonati, fazia parte da minha lista de filmes. A expectativa era grande em conhecer o "longa", assim como foi grande a minha decepção. Ruim não por ser temático, mas pela maneira que foi tratado o existente amor entre dois irmãos, de filhos de pais diferentes. Conflitos, libertação, desconstrução de um amor heteronormativo, não estavam presentes nesta sessão da tarde. O belo estava em destaque, o branco, a classe média, o amor ideal. A saída do desfecho para um final feliz, um tanto limitado, foi a morte da mãe (Julia Lemmertz) e do pai (Jean Noher). Audacioso pela temática gay, este filme está longe de uma realidade, onde o amor teima em reinar do começo ao fim. Como dizia meu admirado Ton Zé "O que te ilude é hollywood, hollywood ilude".

Contínua Primavera

by Marco Monteiro
"Antes do teu olhar, não era,
nem será depois- primavera.
Pois vivemos do que perdura,

não do que fomos. Desse acaso
do que foi visto e amado:- o prazo
do Criador na criatura...

Não sou eu, mas sim o perfume
que em ti me conserva e resume
o resto, que as horas consomem.

Mas não chores, que no meu dia
há mais sonho e sabedoria
que nos vagos séculos do homem."

(5º Motivo da Rosa - Cecília Meireles)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Onda sombria

      Segunda-feira um tanto angustiante envolto aos resultados eleitorais. Um "palhaço" muito bem votado, uma "laranja"  no segundo turno disputando o governo do Distrito Federal. Jogador de futebol eleito, um tucano perpetuando por mais quatro anos o governo do Estado de São Paulo. Um segundo turno presidencial que promete muita "baixaria" por parte de um tucano e um discurso ensaiado por parte de um "lulismo". A Política com política parece estar distante do cenário atual. 
      A democracia está em pleno vigor, isto é fato, o que nos falta é uma cultura política um tanto mais refinada. Política para o senso comum é sinônimo de espetáculo, corrupção e malandragem. Tal confirmação aparece em números nesta última eleição. "Pior do que está não fica", essa máxima observação de botequim  levada a sério faz com que o empobrecimento da política se dissemine cada vez mais. A insatisfação com a gestão tucana no Estado de São Paulo por 16 anos não impediu que mais um vez que os mesmos fossem eleitos. Somos sádicos? Palhaços do mesmo picadeiro? Analfabetos políticos? Ingênuos? Qual a cultura política que estamos alimentando?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

"Cola" - Eleições 2010

Tribunal Superior Eleitoral
Nas eleições do próximo domingo (3), votaremos em seis candidatos para o preenchimento dos cargos em disputa. Para facilitar e agilizar a votação, a Justiça Eleitoral incentiva o eleitor a levar os números de seus candidatos anotados, tendo em vista que o votante terá de digitar 25 teclas para concluir a sua votação. Esse número pode ser ainda maior caso haja a necessidade de corrigir algum dígito.
A expectativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é de que cada eleitor gaste, em média, 1min30 para votar.
Não esqueçam de levar a "cola", mas antes de tudo, procure pensar com consciência em quem você quer se ver representado.

"Palhaço"?, Agressor de mulher?, Moralista? Reacionário?
Cuidado! Eleição não é brincadeira.

domingo, 26 de setembro de 2010

by Marco Monteiro


"E meu cio que não cessa,
continuo indo ao jardim atrair borboletas
e a lembrança do mortos.
Me apaixono todo dia,
escrevo cartas horríveis, cheias de espasmos,
como se tivesse um piano e olheiras,
como se me chamasse Ana da Cruz."

(Adélia Prado - Paixão)

sábado, 25 de setembro de 2010

A roda da vida

by Marco Monteiro





"Algumas flores desabrocham apenas por alguns dias. Todos as admiram e amam por serem um sinal de primavera e de esperança. Depois, essas flores morrem. Mas já fizeram o que tinham a fazer..." 

(Elisabeth Ross)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Saudemos a primavera

by Marco Monteiro

"Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera." 

(Cecília Meireles)

Boa estação para todos!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Véspera da primavera

Acordar sentindo o cheiro do café na mesa
Ser acariciado por um miado de bom dia
Sentir os pêlos de um gato macio nos pés descalço
Perceber que o dia ensolarado guarda surpresas
Compartilhar um abraço
Falar com alguém que está distante, não necessariamente de maneira física
Perceber que os nossos problemas não são os únicos
Chorar a saudade de um tempo que não volta mais
Se enganar em relação a felicidade 
Contemplar o colorido das flores, a sutileza da borboleta
Sentir o vento no rosto
Beber um copo cheio de água cristalina e fresca
Sonhar com um futuro melhor
Continuar a leitura de um dos vários livros que compõe o sentido maior de estar vivo
Manejar, sentir, folhear antologias poéticas
Perder tempo olhando para o vazio, para o nada
Rezar, apostando que há um Deus maior e benevolente frente as questões do mundo
Deitar, com o travesseiro encapado pelo um amor de outrora 
Recusar migalhas de amor permeadas de sentimentos de culpa
Aceitar migalhas de amor permeadas de sentimentos de culpa
Amar, amar o impossível
Morrer para perceber que se está vivo.

(Marco Aurélio Monteiro)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Canção do Amor-Perfeito

"O tempo seca a beleza,
seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
como as areias nas águas.

O tempo seca a saudade,
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.

O tempo seca o desejo
e suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
vestígio do musgo humno,
na densa turfa mortuária.

Esperarei pelo tempo
com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
não na terra, Amor-Perfeito,
num tempo depois das almas."

(Cecília Meireles)

domingo, 12 de setembro de 2010

Eleições 2010

Lula no comício em Ribeirão Preto- 09.09.10
by Marco Monteiro
      Quinta-feira, dia 09 tive a oportunidade de estar presente no comício do PT na esplanada do Teatro Pedro II em Ribeirão Preto. Consegui fazer esta foto que para mim é significativa. No fundo a imagem de Dilma e Lula  e com o microfone na mão despojando de todo o seu carisma o atual Presidente da República. Dilma não estava presente, bobagem né, (rs) uma vez que, Lula o faz por representá-la. Até entendo seu posicionamento, porém está na hora da Dilma se manifestar, se defender, se posicionar, não é mesmo? A justificativa da ausência da Dilma foi o nascimento do seu neto Gabriel em Porto Alegre. Essa mesma justificativa foi motivo de mais uma das gafes do Presidente, afirmando que semana passada nasceu o seu neto Pedro, e que estava torcendo muito para que Dilma fosse avó de uma neta para o então "Pedrão namorar". Como se o Pedrão não pudesse se assim quisesse, no futuro, namorar o Gabriel.
      Estive no comício como um cientista político, observando o eleitorado (por vezes contratado para gritar e levantar as bandeiras após um dia inteiro de entrega de "santinhos" e persuasão nas ruas). Os comentários do público vão desde uma demonstração alienada da percepção política até acalorados gritos dos militantes petistas. Foi uma experiência incrível, sobretudo, a do sentir o poder carismático do Lula que realmente consegue se fazer igual a grande maioria do eleitorado.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Com meu guevara e minha coca-cola

      Hoje acordei mais sociólogo do que nunca. A criticidade parece emergir no meu sangue, não que isto seja um estado biológico, bem longe disso. A analogia diz respeito ao meu estado de percepção de mundo. Algum motivo especial para isto? Inúmeros! Porém, parece que só nós sociólogos que percebemos o quão perverso é o mundo em que vivemos, e por isso somos chamados de  "loucos", ou  adeptos de uma "teoria da conspiração". Mais ainda bem que existem os loucos, os artistas e o grito. Eu GRITO!
       Não quero mais resolver os problemas, não estou me referindo necessariamente aos pessoais, com pílulas recomendadas pelos "sábios" doutores de psiquiatria. Muito menos com aqueles psiquiatras que se passam por escritores. Que postulam teorias aptas a mudar o mundo. Que dizem "basta mudar de pensamento, que tudo se transformará, pense positivo e agradeça diariamente as desgraças da vida a um Deus superior e inatingivel." (Permita-me, vai pro inferno Cury). Chega de literatura barata e de botequim! 
      Também não quero resolver os problemas com preceitos religiosos, que pregam a vida dura e o sacrifício como uma obra de desenvolvimento emocional e espiritual. Chega de alienação, hipocrisia e desdém para com o sentimento dos desfavorecidos que só existem porque tem os favorecidos. Este, por vezes representados pelo clero, com seus almoços regado a vinho e bacalhau. "Pobreza, castidade e obediência"  são  adjetivos folclóricos muito bem utilizados por eles, que se posicionam contra o aborto, contra o uso de preservativos, contra o casamento entre iguais, a favor de um moralismo pedante e absurdo. Mas que não deixam de explorar o dinheiro do pobre, de ter relações sexuais com crianças, de terem relações homossexuais. Ah...mas a Igreja é misericordiosa, preza pelo sacramento  da reconciliação, do perdão. Até isso foi criado para sanar a irresponsabilidade de seus atos. Pecou, fez algo errado, pede perdão. Perdão Senhor, contra a Inquisição, perdão Senhor, pela dizimação dos nossos irmão índios, catequisados de uma maneira tão perversa. Perdão Senhor, por nossos padres pedófilos, perdão Senhor por sermos tão fracos e humanos. Há justificativa para tudo! Como se o perdão fosse resgatar o trauma de uma criança que foi abusada sexualmente a vida inteira por vários padres dentro de um internato. Como se o perdão trouxesse de volta o sangue as veias de muitos índios explorados e comercializados, como se o perdão acabasse com a desigualdade econômicas entre os fiéis e o clero, que outrora esconderam ouro dentro de imagens de santos, e hoje ostenta a riqueza em Roma. 
      Não quero mais saber do preconceito assimilado, disfarçado, diluído desta sociedade mesquinha, cheia de diminutivos que amenizam as situações sociais. Chega de preconceito em relação ao negro, chega de piadas sem nexo de que os negros carregam no sangue o gosto natural e a desenvoltura de sambistas natos. Não aguento mais ver propagandas políticas afirmando que a maioria da população carcerária é formada por negros, isso é um absurdo! Não aguento mais ter que calar frente ao preconceito em relação ao negro para  deixar a situação em um estado pacífico. O mesmo vale para outras minorias, como as mulheres, os gays, as prostitutas, minoria esta não de quantidade, mas política. A idéia de que os gays são promíscuos, de que as mulheres são domináveis, e que a prostituição é condenável são todas idéias construídas por uma sociedade machista, heteronormativa e impiedosa.
      Estou decepcinado com o ser humano que  busca somente maximizar seus ganhos, que não respeita o diferente, que não pensa na dor nem no sofrimento ao se "alimentar " de carne, de uma vida empacotada por grandes frigorífícos. Não estou suportanto mais viver neste mundo...Artistas, loucos me ajudem!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

II Seminário Nacional



 Setembro é o mês em que a Universidade Federal do Paraná presidirá mais um Seminário Nacional de Sociologia e Política. Professores como Macelo Ridenti, Glauco Dillon, Luciana Veiga se farão presentes para engrandecer as atividades acadêmicas. Neste ano estou feliz por participar de um Grupo de trabalho titulado "Ciberpolítica: novos atores e novos espaços de ação coletiva" é hora de encontrar e debater com meus pares, já que o trabalho dissertativo é tão solitário e árduo.  Sem falar de estar em Curitiba, com uma beleza ímpar e acolhedora.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Paciência

"A paciência é amarga, mas seus frutos são doces". Esta é uma máxima kantiana. Tenho pensando muito em relação a paciência como produtora de frutos. A paciência seria uma virtude? A paciência seria um consolo diante das desilusões do dia-a-dia? Exercitar a tolerância a erros e fatos indesejados é de fato engrandecedor? Exercitar a paciência é difícil, ainda mais num mundo onde a instantaneidade é algo objetivado constantemente. É preciso correr! Ao "chamar" um elevador este tem que vim sem demora, se o computador demorar para fazer o dowlond já nos sentimos impacientes. Trocar a TV de 20 polegadas, que transmite bobagens diárias, por uma LCD de 50 polegadas é pauta do dia. Saber tudo de Dahl, Shumpeter, Lévy, Rheingold entre outros ao mesmo tempo sufoca. Somos cobrados, ou pior, nos cobramos o tempo todo. Gosto de fotografar flores, gosto de ir ao cinema, gosto de literatura, gosto de observar o pôr do sol das tardes de agosto. Mas o agendamento do meu estar me angustia, como se tivesse perdendo tempo com bobagens, com coisas pequenas. A tolerância a cada dia parece um bem precioso e ao mesmo tempo uma perda de tempo. Arrisco a escrever essas bobagens para leitores sem tempo e interesse em ler. Isso me conforta. Paciência!

domingo, 22 de agosto de 2010

Pessoa (1888 - 1935)


"Sou dois, e ambos têm a distância"

"Não me lembro da minha mãe. Ela morreu tinha eu um ano. Tudo o que há de disperso e duro na minha sensibilidade vem da ausência desse calor e da saudade inútil dos beijos de que me não lembro. Sou postiço. Acordei sempre contra seios outros, acalentado por desvio"

"Estou liberto e perdido.
Sinto. Esfrio febre. Sou eu"

"O santo chora, e é humano. Deus está calado. Por isso podemos amar o santo mas não podemos amar a Deus"

"Releio? Menti! Não ouso reler. Não posso reler. De que me serve reler? O que está ali é outro. Já não comprrendo nada..."

"Benditos os que não confiam a vida a ninguém"

"Haja ou não deuses, deles somos servos"

(Fernando Pessoa)

Liberdade


"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome." (Clarice Lispector)

sábado, 21 de agosto de 2010

Vó Ana


"O que chamam de rugas, eu chamo raízes - que de seus olhos brotem flores, e sussurros de caules azuis"
(Lauro Henrique Jr.)

Vó Ana...amor materno! Esta é uma homenagem que faço para declarar o meu amor por você.

sábado, 14 de agosto de 2010

ou isto ou aquilo


ou isto ou aquilo

"Ou se tem chuva e não se tem sol 
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel, 
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão, 
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa 
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, 
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . . 
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo, 
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda 
qual é melhor: se é isto ou aquilo."

(Cecília Meireles)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Clarice Lispector (1920-1977)


"Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece."
 "Não se conta tudo porque o tudo é um oco nada".
"É uma infâmia nascer para morrer não se sabe quando nem onde".
"Porque há o direito ao grito, então eu grito".
"O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós"
"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nossa edifício inteiro".
"O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?"

sábado, 7 de agosto de 2010

A trajetória da Sociologia no Brasil


Antônio Cândido, literato com formação sociológica vem corroborar com um panorama da evolução da Sociologia brasileira, em um artigo titulado de “A Sociologia no Brasil”. Tendo como objetivo claro, a recuperação da nossa formação sociológica, trazendo datas, figuras, acontecimentos, obras e comentários.
            O presente artigo analisado é de suma importância para entender um pouco mais o Brasil e suas preocupações sociológicas de diferentes épocas. De forma interessante e evolvente, Antônio Cândido nos conduz a esta viagem pelo tempo.
            A divisão temporal, em relação à presença da sociologia no Brasil, é separada por Antônio Cândido em períodos. O primeiro período é datado de 1880 a 1930, com a presença de intelectuais não especializados, interessados em interpretar de forma global a sociedade brasileira. O segundo período, bem distinto do primeiro, é apresentado após 1940 com uma sociologia consolidada como disciplina universitária, com uma produção teórica, de pesquisa e aplicação. No entanto, de 1930 a 1940, temos o período de transição entre as fases, neste momento foi instituído a sociologia como formação universitária.
Na escola Livre de Sociologia e Política e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade, ambas e São Paulo, bem como na Faculdade de Filosofia da Universidade do Distrito Federal, fundam-se em 1933, 1934 e 1935 os primeiros cursos superiores de Ciências Sociais, figurando ela entre as matéria.(CANDIDO, s/d, p. 2114)

            Assim, uma gama de estudiosos estrangeiros ou naturalizados, com seus estudos sociológicos e antropológicos, estiveram presentes na institucionalização das ciências sociais no Brasil. Dentre eles Levi-Strauus, Jacques Lambert e Roger Bastide.
            A sociologia brasileira se formou tendo como base as idéias evolucionistas, como a de fator natural (biológico), as etapas históricas, os estudos gerais, e as grandes sínteses explicativas. No entanto, cabe ressaltar que, o evolucionismo não reinou entre nós com características européias, mas passou por adaptação da nossa realidade. Mesmo assim, o Evolucionismo e o Direito fizeram parte da formação inicial da sociologia. E a sociologia “apareceu e incorporou, com efeito, a partir da preocupação de alguns juristas possuídos pelas doutrinas do Evolucionismo científico e filosófico. (Ibid., p.2107)           Assim fica claro a presença dos juristas como intérpretes da sociedade. Entretanto, como estava em voga a teórica biológica, o jurista se aproximou do medico e engenheiro, formando um tripé dominante da inteligência brasileira.
            Silvio Romero, Tobias Barreto, Fausto Cardoso, Lívio de Castro, Paulo Egídio são nomes importantes que souberam trabalhar em sua época, com algumas características sociológicas. Não perdendo de vista a assimilação da sociedade como a um organismo biológico e evolutivo.
            A superação do evolucionismo aconteceu graças ao engenheiro Euclides da Cunha, com a “fórmula bem brasileira de estudos sociais, em que a reconstrução do passado se amoldava a certos pontos de vista do presente; em que o estudo se misturava à intuição pessoal e o cientista ao retórico escritor”. (Ibid., p. 2107)  Assim Os Sertões (1902) é um marco da sociologia brasileira pois, a partir desta obra os estudos forma mais sistematizados, superando a visão estritamente jurídica e especulativa.
            Novos estudos agora merecem destaques, diante da fase em que a preocupação foi a “teoria geral do Brasil”, baseada na organização e evolução social, estando presente os aspectos políticos. A sociologia apresentava “remédios” para a ordem político-administrativa.
            Assim, Euclides da Cunha já citado, Manuel Bonfim, Alberto Torres e Oliveira Vianna foram os representantes mais notáveis desta época, com estudos que perpassavam por diversos âmbitos.
            Em A América Latina (1905), Manoel Bonfim, tem como objetivo analisar o atraso das instituições na América. Seu estudo é patológico, analisando assim, o “parasitismo social” das mães pátrias frente às colônias. Já Alberto Torres tem como preocupação primeira, a reforma constitucional e a regeneração administrativa, para assim se ter um “Poder Coordenador”. Sua outra preocupação diz respeito à questão racial e mestiçagem. Na mesma linha de pensamento de Alberto Torres, encontramos Oliveira Vianna, cuja preocupação principal é a política. Porém não deixa de tratar da questão racial qual tem como equipamento teórico o fator racial de superioridade e inferioridade, estabelecendo assim uma estratificação social conforme a cor. Em sua obra Populações Meridionais no Brasil (1919), inova em oposição à “vista sintética” de antes, como a construção de “tipos sociais”. Deste modo, Antônio Cândido diz que “é sem dúvida imponente e fecunda a sua construção, culminada pela determinação de “tipos sociais”, definidos segundo a base econômica, variando esta por sua vez conforme as condições regionais”. (Ibid., p.2113)
            Em outro momento do texto Antônio Cândido diz que “Oliveira Vianna é um fim da linha da ‘teoria geral do Brasil’, sob um ponto de vista evolutivo, Gilberto Freyre embora ligado a ela, é um começo, pela renovação dos métodos e a larga informação teórica em que se fundou”. (Ibid., p. 2113)  Assim , entra em discussão o autor de Casa Grande e Senzala (1933). Freyre, despreocupado em “fazer sociologia” é considerado um antiacadêmico, têm a sua orientação voltada mais para a antropologia. Seu interesse estava em analisar em profundidade a sociedade brasileira. Acabando por estabelecer uma correlação entre propriedade latifundiária, sistema agrícola (monocultura) e trabalho escravo. Além de delinear tipos humanos em relação às camadas sociais.
            Instituída a Sociologia os trabalhos foram desenvolvidos de forma sistemática, isto é, com maior peso teórico, empirismo e aplicação. Alguns nomes foram destacados com Fernando de Azevedo em uma de suas obras Sociologia Educacional (1940), cujo objetivo era colocar a educação como um dos campos da investigação sociológica, procurando perceber o que se tem de socialização no processo educacional. E para isso utiliza-se de Durkheim.
            Roger Bastide, outro nome relevante neste quadro da sociologia brasileira, foi rigoroso em relação da posição teórica. A sua preocupação central foram os estudos afro-brasileiros, resultando de trabalhos como A Poesia Afro-brasileira (1943), Relações raciais entre negros e brancos em são Paulo (1955), entre outras.
            Outro estudioso de grande importância para a sociologia brasileira foi Florestan Fernandes, que acreditava que “a sociologia só marchará para formas mais rigorosas de explicação se persistir na análise de situação delimitadas por meios dos processos empíricos”. (Ibid., p. 2120)  Grande teórico também foi Florentan Fernandes se preocupava em interagir com os clássicos , Marx, Durkheim e Weber, afim de levantar Apontamentos sobre os problemas da indução na sociologia (1954).
            Não há dúvida de que a Sociologia continua em pauta e produzindo muitos trabalhos até hoje. O apresentado até o momento foi uma direção pela qual a Sociologia atravessou, baseado no pensamento de uma grande figura brasileira, Antônio Cândido, idealizador do artigo analisado.
            Cabe a nós, agora institucionalizado no sentido de aprendizes de intelectual, ficarmos atentos às necessidades sociais, afim de que nos tornemos pesquisadores, críticos e percussores da sociologia contemporânea.

Referência:

CÂNDIDO, Antônio. A sociologia no Brasil. In: Enciclopédia Delta Larrousse, Ed. Delta S.A, s/d. Rio de Janeiro




sexta-feira, 30 de julho de 2010

Igualdade

Sou feminista SIM! "Como um homem pode ser femista?" Essa pergunta está sempre pronta na boca de muitos homens e mulheres machistas e que pouco sabem do movimento feminista. Tal movimento busca uma igualdade entre os gêneros e não a sobreposição da mulher sobre o homem. E a igualdade deve ser um bem a ser conquistado a qualquer preço. A concepção de gênero é histórica. A construção da mulher como frágil, delicada, indefesa, sentimentalista, materna, fadada ao lar deve ser desconstruída. A mulher é muito mais do que cheiro, seios e vulva. Muito mais do que mãe, dona de casa e cozinheira. A mulher, assim como o homem, são donos de seu próprio corpo e sexualidade. Chega de submissão construída, planejada  e santificada. A violência jamais deve ser justificada, seja por questão de gênero e (ou) sexualidade. IGUALDADE JÁ!

Dor

     É tão engraçado como nós vegetarianos acabamos por incomodar os "carnívoros". É só falarmos que não comemos carne que logo aparece uma manifestação de indignação ou uma piadinha. "Você não come carne? Come o que então?" Como se não tivesse mil outras coisas saudáveis e deliciosas para comer. Estamos no século 21, já não precisamos caçar para comer, temos outras opções. Evoluimos...

     E as piadinhas então..."Não sou burro para comer mato", "vai acabar ficando verde de tanto comer alface!" Como se a única opção de alimentação saudável fosse alface. Há vegetarianos que não gostam de alface e nem por isso deixam de ser vegetarianos. Porém, a dor, o sofrimento, o stress, o sangue não fazem parte do nosso cardápio. 

     Não é nem por questão de uma boa alimentação, o ponto principal da minha indignação mas é  por  uma questão de justiça! O ser humano ainda precisa encontrar sua humanidade. A idéia de superioridade em relação aos demais animais o torna bruto. A covardia prevalece.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O herói (Caetano Veloso)

nasci num lugar que virou favela
cresci num lugar que já era
mas cresci a vera
fiquei gigante, valente, inteligente
por um triz não sou bandido
sempre quis tudo o que desmente esse país
encardido
descobri cedo que o caminho
não era subir num pódio mundial
e virar um rico olímpico e sozinho
mas fomentar aqui o ódio racial
a separação nítida entre as raças
um olho na bíblia, outro na pistola
encher os corações e encher as praças
com meu guevara e minha coca-cola
não quero jogar bola pra esses ratos
já fui mulato, eu sou uma legião de ex mulatos
quero ser negro 100%, americano,
sul-africano, tudo menos o santo
que a brisa do brasil briga e balança
e no entanto, durante a dança
depois do fim do medo e da esperança
depois de arrebanhar o marginal, a puta
o evangélico e o policial
vi que o meu desenho de mim
é tal e qual
o personagem pra quem eu cria que sempre
olharia
com desdém total
mas não é assim comigo.
é como em plena glória espiritual
que digo:
eu sou o homem cordial
que vim para instaurar a democracia racial
eu sou o homem cordial
que vim para afirmar a democracia racial

eu sou o herói
só deus e eu sabemos como dói

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Escolha



Há um bom tempo venho “militando” em prol do vegetarianismo. No primeiro momento a opção de não comer carne foi pensando em minha saúde. Um passo um tanto egoísta, mas já significativo. Hoje minha percepção em relação ao vegetarianismo possui um cunho político e ético. É pelos animais, pelo fim dos maus tratos, pelo fim da tortura e dor que me alimento de grãos, frutas, legumes e verduras. Uma alimentação saudável sim, conseqüência de uma opção libertária, justa e humana.
"Há diversos modos pelos quais você pode se relacionar com os animais. Essa relação pode ser intermediada por um sofá, sobre o qual você e seu gato de estimação passam juntos os domingos à tarde. O que liga fisicamente você a um cão de companhia pode ser a coleir usada para puxar o animal pela calçada aos fins de semana. Ou mesmo as grades de uma jaula através das quais tentamos jogar comida a um urso no zoológico. Há várias outras possibilidades, mas em torno de 99% dos casos, a relação dos seres humanos com os animais no nosso planeta se dá por outra via: por meio de um garfo e de uma faca"(Carlos Naconecy)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Saudade

Eu vivo a incerteza de um amanhã, a dor, a saudade, as lembranças me sustentam...ainda! Teorias, esperança, satisfação estão amaradas a miséria, a insegurança e ao silêncio. Ninguém quer ouvir os gritos, às vezes nem eu mesmo os ouço! Melhor não ouvi-los... caminho, caminho, caminho. Me procuro! Me perco.
(Marco Aurélio Monteiro)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Devolvo-me

Eu não sou poeta, nem filosofo...sou vivente. Vivo as cicatrizes das minhas escolhas e erros. Vivo sozinho, o silêncio é rompido com gotas de um calmante que diminue a minha inteligência. O efeito passa, as conseqüências ficam. Vivo! Choro! Amo! Devolvo-me. A tristeza é um sentimento que vem me sustentando, que me faz perceber vivo.

(Marco Aurélio Monteiro)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sou

Sou o abismo incessante entre o ser e o ter.
Vivo na penumbra de meu eu.
Faço-me Chico, Bethânia e Caetano,
me realizo com las películas de Almodóvar.
Choro com as telas, Kahlo.
Sou Macabéa, sou Macunaíma (já nasci grande),
sou Bentinho.
Gosto da normatização de Dahl, sou Adorno,
mas não alemão.
Bebo das concepções de Foucault,
me perco nas discussões marxistas.
Odeio a análise lacaniana.
Sou feminista, sou vegetariano, sou politólogo.
Sou homem, sou criança, sou um vir-a-ser.
Sou o ontem, lutando para ser o hoje.
Sou sensível, mas não fraco.
Sou a alegria Quintana,
sou pseudônimo de Pessoa.
Danço ao som da construção de meu eu.
Sou experiência inacabada.
Procuro não ser cartesiano.
Adoro a simplicidade das flores.
Angustio-me frente às desigualdades sociais.
Acredito no futuro.
Nasço e renasço a cada manhã.
Sou fato, sou nato, mas Sou.


(Marco Aurélio Monteiro)