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Barretos, São Paulo, Brazil
Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos. Mestre em Sociologia e graduado em Ciências Sociais, pela Universidade Estadual Paulista. Professor da Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos "Dr. Paulo Prata".

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A televisão nos governa!

      Hoje pela manhã participei de mais uma Machiavéllica, trata-se de um ciclo de palestras promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, pela Universidade Federal de São Carlos. A iniciativa é ótima, são momentos propícios para discutirmos as pesquisas e os conhecimentos que vem sendo debatidos na área da Ciência Política.
      A palestra de hoje tinha como tema a Economia digital y política en México: avances y limitações. Ministrado pela Prof. Drª Irma Portos, da Universidade Autônoma do México. A professora trouxe a discussão dados interessantes em relação as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) no México. Mostrando o quanto esta está aquém da utilização desses veículos para o desenvolvimento de uma comunicação política substantiva. A TV (veiculo de comunicação tido como tradicional) continua sendo o principal meio pelo qual o cidadão se informa sobre a política. O problema é que segundo a professora, "o entretenimento promovido pela TV sobressai ao conteúdo político e democrático". As emissoras são cada vez mais privativas (são duas emissoras privadas detentoras da veiculação das informações, há emissora pública, porém nem sequer abrange todo o país). Assim sendo, Portos desabafa "a televisão nos governa!".
      O problema maior diante das NTICs, não é a falta de um aparato material-tecnológico (software, e-book, banda larga etc.), como corroborou o mediador, o Prof. Drº Thales Haddade, mas o não acompanhamento qualitativo proporcionado por esses meios.  Assim sendo, a sociedade de informação continua a ser um tema da pauta de pesquisas, uma vez que, não está suprindo os problemas sociais e políticos. A tese central de Portos é que o uso mais significativo das novas tecnologias está atrelado a indústria, a produção e não a inovação, a política em si. E pior que o México não é uma exceção. 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O professor e seu prestígio profissional

"Porque há o direito ao grito, então eu grito" (Clarice Lispector). 

      Faço do dia de hoje, um momento de reflexão e desabafo. Hoje se comemora o Dia dos Professores. Longe de sentimentalismos que descaracteriza o papel profissional do ser professor (professor como pai, mãe, amigo, mestre com a missão de amar...) quero tratar aqui do professor como um profissional que deve ser respeitado como tal. 
      Neste segundo semestre, por conta do ingresso no concurso público de PEB II, (Professor de Educação Básica)  foi convocado a participar de um curso on-line, "preparatório" chamado de "Escola de formação de professores do Estado de São Paulo". O primeiro módulo tratava das políticas educacionais do Estado de São Paulo, dos currículos, das avaliações, de como a Secretaria do Estado é maravilhosa, dos altos índices educacionais alcançados pela mesma (não devemos esquecer da "progressão continuada" onde os alunos não podem ser reprovados, daí o motivo de tais índices, mesmo que estes alunos sejam semianalfabetos estando cursando o ensino médio, mas isso não é problema não é mesmo?).
    Durante uma atividade proposta no módulo em questão tínhamos um exercício de múltipla escolha que tratava dos problemas existentes na escola. Uma das questões traziam como resposta correta que o "professor era inexperiente e pouco responsável". Pasmem, nós como professores tínhamos que admitir que o fracasso escolar era de nossa inteira responsabilidade. Diante disso, como celebrar o dia dos professores, como pensar o professor como profissional que escolhe a carreira como um ser professor e não um estar professor. Como uma escolha e não como uma opção ou falta de.
     O conteúdo não é mais o essencial no trabalho na sala de aula, a questão agora é com o "ensinar a ensinar", o" prender a aprender", sei lá são tantos neologismos que criaram que se valoriza muito mais a forma do que o conteúdo. O resultado disto está ai, alunos que não sabem escrever, ler e muito menos interpretar. Pensar então...ah estamos querendo demais né! As propostas pedagógicas enlatadas são impostas, metas a serem cumpridas, pois as avaliações significativas são aquelas que aumentam os índices estatísticos (IDEB, SARESP, ENEM etc) e não necessariamente aquelas que contribuem para o aprendizado emancipatório, se é que avaliação emancipa. 
    Mas as condições de trabalho para o professor são boas, salas bem estruturadas, com ventilação, carteiras confortáveis, lousa em formato 3D, poucos alunos por turma. Sem falar no apoio excepcional ao professor por parte da direção, da coordenação pedagógica, enfim da secretaria do Estado, basta ver a afirmativa acima assinalada como correta. O salário então nem cabe por em discussão, pois o "vale coxinha" já diz tudo. Mas não sejamos tão maus poderia ser um "vale bolinho de queijo" assim, pelo menos não nos sentiríamos tão angustiados de nos alimentar do sofrimento dos animais que há tempos nos ensinam.
      Bom, gritar é preciso, mas vamos fazer isso baixinho... pois como evidenciado no segundo encontro presencial (14.10.10) da escola "deformação" dos professores diante de questionamentos, uma das coordenadoras gritou... ahhh e o tom foi alto "se você não está satisfeito com o sistema educacional proposto então se retire", por esta eu não esperava, pois até questionar é perigoso. E ainda estamos sendo avaliados, pois tal curso é a terceira etapa para a efetivação no Estado. Então cuidado! Como concursista grite baixinho...
      Viva o dia dos professores! Viva a escola pública! Viva a Secretaria do Estado de São Paulo! Viva o novo currículo! Viva a progressão continuada! Viva o governo tucano!
      Viva e sobreviva professor!  

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

T.O.C

by Marco Monteiro


Reproduzo e resignifico atitudes simples
Uma força maior parece tomar conta dos meus sentidos
Para além da construção que fazem de mim, procuro ser eu
Vivo em círculos, me saboto, me arrisco, me flagelo
Sou grande pequeno.
(Marco Monteiro)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"Água com açúcar"

O filme Nacional "docomeçoaofim", sob a direção de Aluizio Abranches e produção de Fernando Libonati, fazia parte da minha lista de filmes. A expectativa era grande em conhecer o "longa", assim como foi grande a minha decepção. Ruim não por ser temático, mas pela maneira que foi tratado o existente amor entre dois irmãos, de filhos de pais diferentes. Conflitos, libertação, desconstrução de um amor heteronormativo, não estavam presentes nesta sessão da tarde. O belo estava em destaque, o branco, a classe média, o amor ideal. A saída do desfecho para um final feliz, um tanto limitado, foi a morte da mãe (Julia Lemmertz) e do pai (Jean Noher). Audacioso pela temática gay, este filme está longe de uma realidade, onde o amor teima em reinar do começo ao fim. Como dizia meu admirado Ton Zé "O que te ilude é hollywood, hollywood ilude".

Contínua Primavera

by Marco Monteiro
"Antes do teu olhar, não era,
nem será depois- primavera.
Pois vivemos do que perdura,

não do que fomos. Desse acaso
do que foi visto e amado:- o prazo
do Criador na criatura...

Não sou eu, mas sim o perfume
que em ti me conserva e resume
o resto, que as horas consomem.

Mas não chores, que no meu dia
há mais sonho e sabedoria
que nos vagos séculos do homem."

(5º Motivo da Rosa - Cecília Meireles)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Onda sombria

      Segunda-feira um tanto angustiante envolto aos resultados eleitorais. Um "palhaço" muito bem votado, uma "laranja"  no segundo turno disputando o governo do Distrito Federal. Jogador de futebol eleito, um tucano perpetuando por mais quatro anos o governo do Estado de São Paulo. Um segundo turno presidencial que promete muita "baixaria" por parte de um tucano e um discurso ensaiado por parte de um "lulismo". A Política com política parece estar distante do cenário atual. 
      A democracia está em pleno vigor, isto é fato, o que nos falta é uma cultura política um tanto mais refinada. Política para o senso comum é sinônimo de espetáculo, corrupção e malandragem. Tal confirmação aparece em números nesta última eleição. "Pior do que está não fica", essa máxima observação de botequim  levada a sério faz com que o empobrecimento da política se dissemine cada vez mais. A insatisfação com a gestão tucana no Estado de São Paulo por 16 anos não impediu que mais um vez que os mesmos fossem eleitos. Somos sádicos? Palhaços do mesmo picadeiro? Analfabetos políticos? Ingênuos? Qual a cultura política que estamos alimentando?