"É sempre difícil descrever um mito; ele não se deixa apanhar nem cercar, habilita as consciências sem nunca postar-se diante delas como um objeto imóvel. É, por vezes, tão fluido, tão contraditório que não se percebe, de início, a unidade: Dalila e Judite, Aspásia e Lucrécia, Pandora e Atená, a mulher é, a um tempo, Eva e Virgem Maria. É um ídolo, uma serva, a fonte da vida, uma força das trevas; é o silêncio elementar da verdade, é o artifício, tagarelice e mentira; a que cura e a que enfeitiça; é a presa do homem e sua perda; é tudo o que ele quer ter, sua negação e sua razão de ser" (Simone de Beauvoir).
Esses antagonismos construídos em torno da mulher sempre me chamou atenção. Ora perversa ora santa, ora negada ora exaltada, e assim, rotulando atribuímos valores. A própria concepção de mulher é mais uma construção social. E a igualdade é mais um clichê da liberdade?